Ciências Humanas e suas Tecnologias
sexta-feira, 3 de setembro de 2021
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
Síria
#WHYSYRIA : A crise síria bem contada em
menos de 10 minutos e 15 mapas.
Legendas em português.
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Quilombo Palmares
A palavra quilombo tem sua origem na palavra “kilombo”, do idioma Mbundu dos bantus, povos da região onde hoje é o país de Angola; e quer dizer o mesmo que acampamento ou fortaleza. No Brasil, se tornou um termo diretamente ligado ao período de trabalho escravo, para designar as comunidades em lugares de difícil acesso, onde escravos insatisfeitos com sua própria condição, fugitivos de seus senhores naquele período (séc. XVI, XVII e XVIII) se refugiavam, se uniam e se organizavam, de forma econômica, política, religiosa, social e militar, conforme a cultura que traziam de suas terras natais.
Os primeiros quilombos brasileiros remontam ao primeiro período do Brasil Colônia, assim que se substituiu gradativamente a mão de obra indígena pelo braço forte dos africanos (a partir de 1548), sem precisar datas; porém, tendo uma organização mais aprimorada e uma pseudo expansão em meados de 1590 em diante.
O quilombo mais conhecido na história do Brasil é o Quilombo dos Palmares, que se situa onde é o município de União dos Palmares, região no Estado Brasileiro de Alagoas, antes pertencente à capitania de Pernambuco, na região da Serra da Barriga, no período regido por capitanias hereditárias. O nome Quilombo dos Palmares se deu devido à vasta e densa vegetação predominantemente formada por palmeiras da região. Os primeiros escravos chegaram aos Palmares aproximadamente em 1580 e eram fugitivos de engenhos de produção açucareira das capitanias de Pernambuco e da Bahia.
Primeiramente eram liderados por Ganga Zumba, um descendente da linhagem de um reino tribal da Angola que liderava, organizava e recebia constantemente novos recém-chegados ao quilombo. Teve o seu ápice em população e organização no período de 1624 a 1654, onde dados históricos registram aproximadamente 35 mil habitantes, espalhados em uma área de mais de 200 km. de extensão, passando por diversas investidas das tropas coloniais e até de invasores holandeses.
Sempre reconhecidos por sua grande habilidade militar e capacidade de organização em sociedade, os quilombolas dos palmares resistiram por mais de 100 anos sem que fossem dominados ou dissipados.
Num período em que a colônia propôs um acordo de trégua com os quilombolas, prometendo liberdade aos que eram nascidos nos Palmares e restringindo a recepção de novos fugitivos, Ganga Zumba, então líder dos Palmares, aceitou o termo, que mais tarde seria descumprido pela colônia. Após uma morte por envenenamento, assumiu a liderança o sobrinho de Ganga Zumba, o conhecido Zumbi, em que, sob sua liderança, o Quilombo dos Palmares teve o seu maior reconhecimento por sua exímia liderança militar.
Depois de um século de constantes ataques e tentativas de acordo frustradas em tentar acabar ou diluir os fortalecidos negros palmarinos, Zumbi foi traído por um de seus aliados, que havia sido capturado por tropas de bandeirantes lideradas por Domingos Jorge Velho. Foram contratadas pela capitania de Pernambuco, entregando, assim, o paradeiro do líder quilombola que se encontrava ferido e escondido, o qual, sendo encontrado, foi morto decapitado e teve sua cabeça exposta em Recife.
Após a morte de Zumbi (1695), Palmares sem uma referência de líder, se dissipou e os refugiados foram espalhados pela região, mortos ou mesmo recapturados.
Mesmo com a dissolução do Quilombo dos Palmares, no Brasil, esses tipos de comunidades, de uma forma ou de outra, nunca deixaram de existir em praticamente todas as regiões do país, ainda que em número e expressividade menores por causa do fim do escravismo.
Zumbi
Nascido no ano de 1655, livre, já no Quilombo que faz alusão ao seu
próprio nome (Palmares), Zumbi (que quer dizer o mesmo que fantasma
ou espírito, no idioma africano quimbundo, e na concepção
brasileira da palavra, guerreiro) foi um dos, senão o principal,
ícone da resistência negra ao trabalho escravo no período do Brasil Colônia.
Com aproximadamente 6 anos de idade, Zumbi tinha sido capturado em um dos
ataques das tropas da colônia ao quilombo, sendo entregue a um missionário
português, que o batizou com o nome 'Francisco' Zumbi, e educou-o com os
sacramentos da igreja católica, em português e latim. Aos 15 anos de idade,
Zumbi consegue fugir e retornou aos Palmares, substituindo, mais tarde, devido
ao seu grande destaque como estrategista e líder, o seu tio então falecido Ganga
Zumba.
Zumbi era muito respeitado por ter sido educado por brancos e ainda
assim, não ter abandonado suas raízes. Em sua liderança ou reinado, como os
próprios quilombolas lhe atribuíam o título de rei, conduziu o Quilombo
dos Palmares ao seu apogeu militar, econômico, territorial e social,
liderando os guerreiros em enfrentamentos com surpreendentes estratégias
militares e táticas de guerrilha, onde se invadiam e atacavam fazendas de
cana-de-açúcar e engenhos para resgatar escravos e assim adquiriam também um
incrível poderio bélico, com muitas armas, usurpadas como despojo desses
ataques.
Devido à grande dificuldade enfrentada pelas tropas da colônia sob a
autoridade da capitania de Pernambuco e até mesmo de invasores holandeses que
derrotaram a própria capitania dominante, mas não os quilombolas, criou-se
entre o povo, e entre o próprio quilombo, o mito sobre a imortalidade de Zumbi,
exímio comandante e capoeirista, que tinha estratégias de ataques e defesa
incríveis, com metodologias bem elaboradas. Zumbi promovia ataques épicos às
tropas da Capitania e mais tarde, aos holandeses que também tentaram subjugar
Palmares. Zumbi, por muito tempo gerava essa atmosfera legendária de uma
possível imortalidade concedida por seus deuses, que supostamente lhe fecharam
o corpo, dando-o muito poder sobre seus inimigos.
O Outro Lado da História
Alguns historiadores e autores levantam Zumbi não como um herói em sua
totalidade da palavra, mas sim o oposto, relatando-o em seus registros e obras
como uma espécie de tirano que, muitas vezes, impunha por meio de captura aos
escravos que se negavam a seguir com as caravanas de Zumbi para o quilombo, uma
adesão forçada à vida nos Palmares. Considera-se até o fato de um regime de
escravidão entre os próprios quilombolas e o despotismo, que era executado a
negros fugitivos do quilombo, recapturados e mortos, a servir de exemplo para
não se transgredir a lei dos Palmares.
A Morte de Zumbi
Zumbi dos Palmares foi decapitado
e sua cabeça exposta até
completa decomposição no
pátio em frente à Basílica do Carmo
|
Fonte: http://quilombo-dos-palmares.info/zumbi-dos-palmares.html
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Escravização indígena
Escravidão entre os indígenas
No que
viria a ser o Brasil, a escravidão já era praticada pelos índios, na sua forma
mais primitiva, bem antes da chegada dos europeus. Entre os Tupinambás (habitavam terras bertioguenses), que
eram antropófagos, a maioria dos escravos eram capturados nas tribos
inimigas e acabavam sendo devorados. Porém, entre a captura e a execução,
eles poderiam viver como escravos durante anos. Entre os Tupinambás a
escravidão não tinha nenhum valor econômico. Os cativos apenas serviam para serem
exibidos como troféus de valor militar e honra ou como carne a ser devorada em
rituais canibalescos que poderiam acontecer até quinze anos após a
captura.
Os escravos eram incorporados à comunidade, sendo que algumas escravas
se casavam com os homens da tribo. Porém, os cativos reconheciam-se como
escravos e como homens derrotados e o sentimento de degradação entre eles era
forte. Mesmo se escapassem, não seriam aceitos pela sua tribo de origem,
tamanho era o estigma em ter sido reduzido à escravidão, fazendo com que
servissem ao seu senhor fielmente, sem a necessidade de serem vigiados. Embora
os escravos fossem geralmente bem tratados entre os Tupinambás, eles tinham
consciência que estavam condenados e que, a qualquer tempo, poderiam ser
executados e devorados em orgias canibalescas, inclusive as mulheres
incorporadas à tribo como esposas.
Entre as tribos indígenas que não eram canibais, mas praticavam a
escravatura, estavam os Papanases não tinham costume de matar os que os ofendiam, mas
faziam deles escravos. Os Guaianás não comiam carne humana e faziam os
prisioneiros escravos. Os Tapuias também faziam os cativos escravos. Relata Gabriel Soares de Sousa no tratado descritivo do brasil em 1587:
[...] Não são os guaianases maliciosos, nem
refalsados, antes simples e bem-acondicionados, e facílimos de crer em qualquer
coisa. É gente de pouco trabalho, muito molar, não usam entre si lavoura, vivem
de caça que matam e peixe que tomam nos rios, e das frutas silvestres que o
mato dá; são grandes flecheiros e inimigos de carne humana. Não matam aos que
cativam, mas aceitam-nos por seus escravos; se encontram com gente branca, não
fazem nenhum dano, antes boa companhia [...].
Os Cadiueus viviam do tributo e do saque que faziam às tribos suas
vizinhas. A sua sociedade era estratificada e a sua base era constituída por
escravos, prisioneiros dos conflitos com as tribos vizinhas. Os terenas, apesar
de pagarem tributos aos Cadiueus e serem seus subordinados, também tinham a sua
sociedade estratificada e a sua base também era constituída por escravos.
Apropriação da escravidão indígena pelos
colonizadores portugueses
As constantes guerras intertribais foram usadas pelos colonos no
estabelecimento de alianças que favoreciam tanto os interesses dos
colonos como os dos próprios índios. Os portugueses, com estas alianças,
obtinham mão de obra, através da tradição tupi do cunhadismo,
com a aquisição de "índios de corda" e de um exército aliado poderoso. Ulrich Schmidl relata que João Ramalho "pode reunir 5.000 índios
em um só dia".
Os índios também viam nos colonos aliados poderosos que os
ajudavam contra os seus inimigos. Segundo Russell-Wood, os portugueses
construíram o seu império "com e não isoladamente contra os povos com os quais entraram em contato".
João Ramalho |
A guerra constante entre as tribos e a inimizade
entre os principais grupos foram aproveitadas pelos europeus. Assim, os
portugueses ficaram amigos dos tupiniquins, que eram os grandes inimigos dos
tamoios e dos tupinambás, os quais se tornaram aliados dos franceses, que
tentavam invadir o domínio dos portugueses. No sul do país, aconteceu a mesma
coisa: os grupos Tupis se associaram aos portugueses, e os Guaranis aos espanhóis. Na época do descobrimento e
colonização, a população indígena era calculada em 4,5 milhões no território
brasileiro.
Os portugueses dividiam os índios em dois grupos: os "índios mansos" e os "índios bravos". Os índios "bravos" eram inimigos , faziam
alianças com europeus inimigos, eram considerados estrangeiros, justificando as
chamadas "guerras justas".
Os índios "mansos"
eram os aliados dos portugueses, eram fundamentais para o fortalecimento dos
portugueses, eram vassalos do rei de Portugal e defensores das fronteiras do Brasil português. Os índios aldeados "[...]Não apenas participaram dos combates, como forneceram as armas e a
tática de guerra". A metáfora dos "muros" e "baluarte" usada pelos
portugueses para designar os índios aliados, significando proteção, foi
repetida ao longo de toda época colonial.
...na verdade, como informa a própria legislação indigenista
colonial, o sustento e a defesa da colônia viriam a depender dos índios
aldeados e aliados, pois constituíam o grosso das tropas de guerra.
A coroa portuguesa concedia vários benefícios e
honrarias às lideranças indígenas suas aliadas, como a concessão de hábitos das
ordens militares . Com o hábito da ordem militar, o índio adquiria o
título de "dom", frequentemente, uma tença, um rendimento dado pelo
rei, e, na hierarquia colonial, passava a ser um nobre vassalo do rei de Portugal. A política indigenista levou à formação de uma elite colonial
indígena com o intuito de fortalecer as alianças e lealdade dos índios e de
considerar os índios aliados à semelhança dos colonos europeus. Os índios
que se destacavam pela lealdade passavam a ocupar cargos oficiais, como o de
juiz ou vereador, nas câmaras de algumas vilas e cidades do brasil colônia.
Recebiam honras e privilégios que os destinguiam dos outros colonos e faziam
parte da "nobreza da terra".
Advertiu e persuadiu sua exa. A todos os
moradores, que obedecem igualmente aos juizes e veriadores indios como aos
europeos, porque tinham jurisdição e superioridade sobre todos os ditos
moradores para lhes admenistrarem justifsa e o prenderem quando delinqüirem.
O cargo de governador dos índios, primeiramente atribuído a Filipe Camarão,
um grande guerreiro e hábil estratega da tribo dos potiguares, tinha,
também, como função, organizar os aldeamentos indígenas e o recrutamento dos
terços dos índios, onde tinha servido como capitão-mor.
Fillipe Camarão |
Essa situação é reveladora de uma
"política indigenista" que era aplicada aos índios aldeados e aliados
e outra aos considerados inimigos. Ambos foram importantes no projeto de
colonização, fossem como mão de obra cativa ou como povoadora do território.
Os índios não só guardavam as fronteiras como também controlavam os
escravos africanos, propensos a se insurgir ou fugir e se juntarem aos europeus
inimigos dos portugueses. Por serem exímios em seguirem pistas, os índios eram
também contratados pelos proprietários de engenhos para capturar e resgatar
escravos fugidos dos engenhos e fazendas, neste processo também auxiliavam
os capitães do mato (negros ou mulatos livres) na captura de escravos
fugidos.
Além disso, a partir de um certo momento, a própria igreja
católica passou, através principalmente dos jesuítas, a fazer um trabalho
de catequização junto aos índios, dificultando aos portugueses e seus
filhos meio índios e tribos aliadas a escravização dos índios aliados dos
franceses. Esta posição foi defendida pelos jesuítas no brasil, que também
tinham escravos, o que gerou conflitos com a população local interessada na
escravatura, culminando em conflito, na chamada "a botada dos padres
fora" em 1640.
Nos séculos XVII e
XVIII, a faixa esquerda do Rio Amazonas transformou-se num espaço de
captura de indígenas para serem vendidos dentro e fora
das Guianas por traficantes que partiam de Caiena.
Escravidão indígena voluntária
Em 30 de julho de 1566, foi criada a lei que regulamentou pela primeira
vez a escravidão voluntária dos índios. Segundo essa lei, baixada por uma junta
convocada por Mem de Sá, "os
índios só poderiam vender-se a si mesmos em caso de extrema necessidade, sendo
que todos os casos deveriam ser obrigatoriamente submetidos à autoridade para
exame".
Escravidão
nas plantations
A instituição da escravidão no brasil toma forma com a grande
propriedade monocultura, na década de 1530. Portugal contava com pouco mais de
2 milhões de habitantes na época e mal podia arcar com a perda de mão de obra
para as expedições para o oriente, que viviam o seu auge. E, assim como
para qualquer outro colono europeu, não era interessante para o português
migrar para os trópicos para ser um simples trabalhador do campo. "a escravidão torna-se, assim, uma
necessidade: o problema e a solução foram idênticos em todas as colônias
tropicais e mesmo subtropicais da américa. Nas inglesas, onde se tentaram, a
princípio, outras formas de trabalho, aliás uma semiescravidão de trabalhadores
brancos, os indentured servants, a substituição pelo negro não tardou
muito."
Plantations |
O trabalho indígena já era utilizado na extração
do pau-brasil e, no princípio, foram também utilizados nas lavouras
de cana, mais ou menos benevolentemente. Mas o arranjo não funcionou por muito
tempo, por duas classes de motivos: os de natureza cultural e os de mercado.
"em primeiro lugar, à medida em
que afluíam mais colonos e, portanto, aumentavam as solicitações de trabalho,
ia decrescendo o interesse dos índios pelos insignificantes objetos com que
eram dantes pagos pelo serviço. Tornam-se aos poucos mais exigentes e a margem
de lucro do negócio ia diminuindo em proporção. Chegou-se a entregar-lhes
armas, o que foi rigorosamente proibido, por motivos que se compreendem. Além
disso, se o índio, por natureza, seminômade, se dera mais ou menos bem com
o trabalho esporádico e livre da extração de pau-brasil, já não acontecia o
mesmo com a disciplina, o método e os rigores de uma atividade organizada e
sedentária como a agricultura. Aos poucos, foi-se tornando necessário forçá-lo
ao trabalho, manter vigilância estreita sobre ele e impedir sua fuga e abandono
da tarefa em que estava ocupado. Daí para a escravidão pura e simples foi
apenas um passo."
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
20/11 - Dia da Consciência Negra
Escravidão
Escravidão é a prática social em que um ser
humano assume direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal
condição por meio da força. Em algumas sociedades, desde os tempos mais remotos, os escravos
eram legalmente definidos como uma mercadoria. Os preços variavam conforme as condições físicas,
habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino.
Hilotas |
O dono ou
comerciante podia comprar, vender, dar ou trocar por uma dívida, sem que o
escravo possa exercer qualquer direito e objeção pessoal ou legal, mas isso não
é regra. Não era em todas as sociedades que o escravo era visto como
mercadoria. Na Idade
Antiga, haja vista que os
escravos de Esparta, os hilotas, não podiam ser vendidos, trocados ou
comprados, isto, pois eles eram propriedade do Estado espartano, que podia
conceder a proprietários o direito de uso de alguns hilotas; mas eles não eram
propriedade particular, não eram pertencentes a alguém, o Estado que tinha
poder sobre eles. A escravidão da era moderna está baseada num forte preconceito
racial, segundo o qual o grupo étnico ao qual pertence o comerciante é
considerado superior, embora já na Antiguidade as diferenças raciais fossem
bastante exaltadas entre os povos escravizadores, principalmente quando havia
fortes disparidades fenotípicas. Na antiguidade também foi comum a escravização
de povos conquistados em guerras entre nações. Enquanto modo de produção, a
escravidão assenta na exploração do trabalho forçado da mão de obra escrava. Os senhores alimentam os seus escravos e
apropriam-se do produto restante do trabalho destes.
Há diversas
ocorrências de escravatura sob diferentes formas ao longo da história,
praticada por civilizações distintas. No geral, a forma mais primária de
escravatura se deu na medida em que povos com interesses divergentes
guerreavam, resultando no acúmulo de prisioneiros de guerra. Apesar de, na Idade
Antiga, ter havido comércio de
escravos, não era necessariamente esse o fim reservado a esse tipo de espólio de guerra. Vale destacar que algumas culturas com um
forte senso patriarcal reservavam, à mulher, uma hierarquia social semelhante à do
escravo, negando-lhe direitos básicos que constituiriam a noção de cidadão.
Mulheres sendo leiloadas em mercado de escravos na antiguidade. |
A escravidão era uma
situação aceite e logo se tornou essencial para a economia e para a sociedade
de todas as civilizações antigas,
embora fosse um tipo de organização muito pouco produtivo. A Mesopotâmia, a Índia,
a China e os antigos egípcios e hebreus
utilizaram escravos.
Na civilização grega, o trabalho escravo acontecia
na mais variada sorte de funções: os escravos podiam ser domésticos, podiam
trabalhar no campo, nas minas, na força policial de arqueiros da cidade, podiam
ser ourives, remadores de barco, artesãos etc. Para os gregos,
tanto as mulheres como os escravos não possuíam direito de voto. Muitos dos
soldados do antigo Império Romano eram ex-escravos.
No Império Romano, o
aumento de riqueza realizava-se mediante a conquista de novos territórios,
capazes de fornecer escravos em maior número e mais impostos ao fisco. Contudo, arruinavam os pequenos proprietários livres,
que, mobilizados pelo serviço militar obrigatório, eram obrigados a abandonar
as suas terras, das quais acabavam por ser expulsos por dívidas, indo elas
engrossar as grandes propriedades cultivadas por mão de obra escrava.
As novas conquistas e os
novos escravos que elas propiciavam começaram a ser insuficientes para manter
de pé o pesado corpo da administração romana. Os conflitos no seio das classes
de "homens livres" começam a abalar as estruturas da sociedade
romana, com as lutas entre os patrícios e a plebe, entre
latifundiários e comerciantes, entre coletores de impostos e agricultores
arruinados, aliados aos proletários das cidades. Ao mesmo tempo, começou a manifestar-se o movimento
de revolta dos escravos contra os seus senhores e contra o sistema escravagista,
movimento que atingiu o auge com a revolta de Espártaco 73 - 71 a.C.. Desde o século II, a necessidade de ter receitas levava Roma a organizar grandes explorações de terra e a
encorajar a concentração das propriedades agrícolas, desenvolvendo o tipo de
exploração escravagista.
Generalizou-se o
"pagamento em espécie" aos funcionários com Diocleciano, utilizando o Estado diretamente os produtos da
terra, sem os deixar passar pelo mercado, cuja importância diminuiu, justificando
a tendência de os grandes proprietários se constituírem em "economias
fechadas", de dimensões cada vez maiores, colocando-se os pequenos
proprietários sob a asa dos grandes.
Em troca da fidelidade e
da entrega dos seus bens, os camponeses mais pobres passavam a fazer parte da
família dos grandes donos, que se obrigavam a protegê-los e a sustentá-los.
Deste modo, de camponeses livres transformavam-se em "servos",
começando a delinear-se, assim, os domínios senhoriais característicos da Idade Média.
Escravidão no Direito Romano
O imperador Justiniano I publicou o edito Institutas,
em 23 de novembro do ano de 533,
no qual define a servidão e os servos:
"Título
III: do direito das pessoas
·
A divisão
principal no direito das pessoas é que todos os homens ou são livres ou são
escravos.
·
A
liberdade (da qual vem a palavra 'livre')
é o poder natural de fazer, cada um, o que quer, se a violência ou a lei não o
proíbe.
·
A
servidão é uma instituição do direito das gentes, pela qual é alguém submetido
contra a natureza ao domínio de outrem.
·
Os servos
são assim chamados porque os generais costumam vender os cativos e destarte
conservá-los sem os matar. Eles têm também o nome de 'mancipia' porque são
tomados "à mão" dentre os inimigos.
·
Os
servos, ou nascem tais, ou se fazem. Nascem das nossas escravas, ou fazem-se
escravos pelo direito das gentes, mediante a captura, ou pelo direito civil,
quando um homem livre, maior de vinte anos, consentiu em ser vendido para
participar do preço.
·
Não há
diferença na condição dos servos, e há muitas diferenças entre os livres; pois
estes ou são ingênuos ou são libertos."
Escravidão na América Pré-Colombiana
Escravidão moderna e contemporânea
O comércio de escravos já
tinha rotas intercontinentais na época do al-Andalus
e mesmo antes, durante o Império Romano. Criam-se novas rotas no momento em que os europeus começaram a colonizar os outros continentes, no século XVI e, por exemplo, no caso das Américas, nos casos em que os povos locais não se prestavam a suprir as necessidades de mão de obra dos colonos, foi necessário importar mão de obra, principalmente da África.
e mesmo antes, durante o Império Romano. Criam-se novas rotas no momento em que os europeus começaram a colonizar os outros continentes, no século XVI e, por exemplo, no caso das Américas, nos casos em que os povos locais não se prestavam a suprir as necessidades de mão de obra dos colonos, foi necessário importar mão de obra, principalmente da África.
Nessa altura, muitos reinos africanos e árabes islâmicos, decorrente das chamadas guerras santas empreendidas
pelos muçulmanos, os quais, sancionados por sua religião, se apossavam dos bens
dos chamados "infiéis" submetidos, principalmente sua liberdade,
vendendo-os ou trocando-os por mercadorias, como escravos para os europeus. No
Brasil, depois da chegada dos europeus, no século XVI, os índios passaram a
comerciar seus prisioneiros de guerra com estes. Mais tarde, os portugueses
recorreram aos negros africanos,
que foram utilizados nas minas e nas plantações: de dia faziam tarefas
costumeiras, à noite carregavam cana e lenha, transportavam formas,
purificavam, trituravam e encaixotavam o açúcar.
Em alguns territórios
brasileiros, no entanto, o índio chegou a ser mais fundamental que o negro como
mão de obra. Em São Paulo, até ao final do século XVII, quase não se encontravam negros dada a pobreza de
sua população, que não dispunha de recursos financeiros para adquirirem escravos
africanos.
Os documentos da época que usavam o termo "negros da terra" referiam-se, na verdade, aos índios, os quais não eram objeto de compra e venda, só de aprisionamento, sendo proibido inclusive que se fixasse valor para eles nos inventários de bens de falecidos. Esta posição fora defendida pelos jesuítas no Brasil, o que gerou conflitos com a população local interessada na escravatura, culminando em conflito, na chamada "A botada dos padres fora" em 1640.
Os documentos da época que usavam o termo "negros da terra" referiam-se, na verdade, aos índios, os quais não eram objeto de compra e venda, só de aprisionamento, sendo proibido inclusive que se fixasse valor para eles nos inventários de bens de falecidos. Esta posição fora defendida pelos jesuítas no Brasil, o que gerou conflitos com a população local interessada na escravatura, culminando em conflito, na chamada "A botada dos padres fora" em 1640.
Com o surgimento do ideal
liberal e da ciência econômica na Europa, a
escravatura passou a ser considerada pouco produtiva e moralmente incorreta.
Em 1850,
no Brasil, pela Lei Eusébio de Queirós, passou-se a punir os
traficantes de escravos, de modo a que nenhum escravo mais entrasse no país; em 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre que declarava livre os filhos de escravos nascidos a partir
daquele ano, e em 1885 a Lei dos sexagenários, que concedia liberdade aos maiores de 60 anos. E
mais tarde fez surgir o abolicionismo,
em meados do século XIX.
Bilhete de Loteria - Série Vultos Históricos.
Eusébio de Queiroz. Data: 28/07/1971
|
Em 1888,
quando a escravidão foi abolida no Brasil, pela Lei Áurea, ele era o único país ocidental que ainda mantinha a
escravidão legalizada.
A Mauritânia foi, em 9 de novembro de 1981, o último país a abolir, na letra da lei, a escravatura,
pelo decreto 81.234, porém, a escravidão segue existindo no Sudão.
A escravidão é pouco
produtiva porque, como o escravo não tem propriedade sobre sua própria
produção, ele não é estimulado a produzir já que isto não irá resultar em um
incremento no bem-estar material de si mesmo, além de que, se o escravo
recebesse pagamento, haveria maior circulação de capital e menos concentração
excessiva de riqueza nos seus donos, o que geraria um maior bem-estar econômico.
Segundo a National Geographic, há mais escravos hoje do
que o total de escravos que, durante quatro séculos fizeram parte do tráfico
transatlântico. Embora, as denuncias de trabalho escravo no Brasil e em outros
países têm sentido metafórico, já que se trata de proibição de sair os
empregados de fazendas, mas não se trata de compra e venda de pessoas como
ocorria no tempo da escravidão negra.
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