Entenda os conflitos entre Russia e Ucrânia pelo controle da Crimeia.
O principal valor estratégico da Crimeia é,
sem dúvida, a sua posição geográfica. A região representa uma saída importante
para o Mar Negro, que é o único porto de águas quentes da Rússia. Isso
significa que essa zona possui relevância tanto em nível comercial quanto no
plano militar para os russos, por facilitar a movimentação de cargas e por
garantir o controle do canal que liga esse mar ao Mar de Azov.
Outro ponto importante é o valor econômico da província,
que é uma grande produtora de grãos e vinhos, apresentando
também uma avançada indústria alimentícia. Os portos da Crimeia também são responsáveis
por boa parte do escoamento da produção agrícola ucraniana que segue em
direção à Europa e à própria Rússia, além de ser o
ponto onde o país realiza uma considerável parte de suas importações, incluindo
o gás russo.
Em um acordo firmado em 2010, a Rússia instalou uma base
militar em Sebastopol, cidade localizada no sul da Crimeia, com a
permanência prevista até o ano de 2042. Em troca, o governo Russo cedeu US$ 40 bilhões de dólares em gás
natural, fonte de energia da qual a Ucrânia é extremamente
dependente.
Além de todos esses factores, na região concentra-se uma
grande quantidade de povos ligados à Rússia, utilizando o idioma do país
vizinho. Essa população corresponde a 60% dos mais de dois milhões de
habitantes da região, que foi cedida à Ucrânia ainda na época da União Soviética pelo líder do Partido Comunista, Nikita Khrushchev. Nesse sentido, tanto o governo russo quanto o
governo ucraniano procuram intensificar o sentimento nacionalista na região
para ambos os lados a fim de ampliarem a influência ideológica local, atualmente
polarizada entre os “pró-Rússia” e os “pró-Ucrânia”, esses últimos mais
conhecidos como “pró-Europa”, por serem favoráveis a um estreitamento das
relações comerciais com a União Europeia.
Essa questão, inclusive, está no centro da
crise que atingiu o país nos últimos tempos, resultando em uma série de
protestos que derrubou, respectivamente, o primeiro-ministro, Mykola Azarov,
e o presidente, Viktor
Yanukovich, com a instituição de um novo governo. Essa mudança de
poder foi uma represália à ação do então presidente que se recusou a assinar
um tratado que estreitaria as relações comerciais ucranianas com a União
Europeia, preferindo aproximar-se economicamente da Rússia, o que desagradou os
comandos pró-Europa.
O presidente russo, Vladimir
Putin, então considerou essa tomada de poder como uma ação
ilegítima. Assim, a região da Crimeia passou a ser dominada por um comando
pró-Rússia, que vem procurando ampliar a autonomia da região e consolidar um
centro de oposição ao novo governo instaurado. Deste modo, sob a justificativa
de “normalizar” a situação e estabelecer uma proteção aos cidadãos russos, a
Rússia enviou tropas para a Crimeia, ocupando aeroportos e bases militares na
província.
Esse movimento desagradou profundamente os governos
ocidentais, notadamente a União Europeia e os Estados
Unidos, que não vêem com bons olhos um eventual crescimento do
imperialismo russo na região. Por esse motivo, o presidente Barack Obama vem articulando uma série de sanções
diplomáticas e comerciais contra a Rússia para enfraquecer Moscou e pressionar
Putin a recuar, o que vem contribuindo para elevar a tensão tanto em nível
local quanto em escala mundial.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Crimeia